domingo, 3 de março de 2013

Sobre consenso e a "questão" da cultura: São Paulo e Manaus

Vi esse post  do Coletivo PassaPalavra sobre os embates paulistanos na política cultural e resolvi publicizar meu ponto de vista:

Em que pese pontos interessantíssimos de crítica e auto-crítica, e um excelente serviço para o debate sobre esse dialogar, por que tal post me pareceu em grande parte uma dor de cotovelo com o Fora do Eixo?

Acho divertido esse discurso de esquerda radical: “fazem uso da produção simbólica alheia para barganhar com governos e empresas financiadoras o mapeamento, a articulação e a mobilização de grupos e pessoas”. Por que alheia? Há outros modos de se fazer política pra quem viveu e vive a tal segregação.

Usando o mesmo argumento generalizante e desconhecedor de trajetórias, garotos de classe média, dos seus palacetes uspianos ou unicampianos, paladinos de movimentos sociais, criticam gente que surgiu dos guetos e anda fazendo o que pode pra manisfestar sua expressão cultural.

Se eles podem se apropriar de certa leitura de Marx, e desses tais movimentos sociais como se fossem seus, por que outros que estão dentro e fora deles não podem?

Não acredito nesse povo que fica de fora sem fazer nada, ou se aproveitando vampirescamente dos outros também, sem ter coragem de assumir isso sequer pra si mesmos, tacando pedra em quem está dando o sangue pra fazer alguma mudança acontecer. Quer canais de diálogos sem precisar se esforçar pra dialogar? Sem ter que lidar com sua própria inveja e inativismo? Tentando ficar nos números, discutir e ocupar 0,05% é melhor do que ficar no 0,00…

Já vivi o bastante pra ter certeza que certos discursos só querem substituir o imperialismo que criticam pelo seu próprio imperialismo; só querem substituir uma “engenharia de controle social” por outra. Isso está muito bem estabelecido na história de partidos e grupos radicais de esquerda...

Elite de “bem-esclarecidos” que na hora de comer o bolo, querem mais o seu e que os outros se fodam, manipulando outros servis e colonizados. Que assumam isso publicamente também. Que reconheçam suas próprias contradições e equívocos para os outros!

A mudança só se faz, fazendo. Não vamos esperar a revolução acontecer, pra participarmos da mudança em e com nossas próprias contradições, acertando e errando, mas fazendo e pensando no processo mesmo de fazer e pensar.

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