Recebi o e-mail abaixo de uma ex-aluna minha na UFAM. Resolvi publicar sem a autorização dela. Tirei qualquer referência pessoal, porque sempre tem alguém me perguntando a mesma coisa... então aí vai:
"Olá, professor. (...)Gostaria de conversar com você um pouco sobre o que fazer para seguir a carreira no magistério superior.
Gostaria de tirar algumas dúvidas, que geram alguns receios em mim, como por exemplo, como fazer meu projeto para tentar uma seleçao de mestrado ? E outras coisas desse tipo.
Ajude-me, por favor.
(...)
Beijosssssssssssss"
(...)o magistério superior infelizmente virou há muito tempo um escolão de 3o. grau (...) prometa ser e fazer o melhor que puder, procurando sempre ultrapassar as limitações impostas!
dicas:
1. se sua vocação for realmente a pesquisa, o ensino, a extensão, ler várias teorias e seguir o resto da vida aumentando a vastidão do seu conhecimento pra saber que sabe cada vez menos, passe para a dica número 10;
2. Não! hum, você não me obedeceu...isso é um bom sinal, precisa mesmo ser crítica e questionar o estabelecido, mas vá para o número 10...
3. ah, passe adiante. Só queria enrolar você até aqui, pra que você saiba que as vezes a gente vai por caminhos tortuosos e que não levam a nada... aí o jeito é inventar uma teoria pra explicar o que ninguém dá conta de ver...ou então voltar à estaca zero e refazer o percurso...volte para a dica 5, ela é a mais fundamental nessa história toda; e depois pode ir para a número...
4. tudo bem, você não vai ficar no carma 3, 5, 8... quem disse que ia ser fácil? Tem que aprender a seguir os instintos e descobrir as coisas sozinhas mesmo... entre nos bancos de teses e dissertações dos sites da CAPES, USP, UNICAMP ou da universidade em que a área escolhida é uma referência nacional (e se conseguir e puder, internacional): leia os títulos das principais teses e dissertações que você encontrar, faça download das que lhe interessam e pense em como adaptar o que você leu pra sua experiência, pras nossas universidades, pra nossa cidade, pro nosso estado e pro nosso país...vá para a dica 7.
5. des-cubra a área que realmente lhe dá tesão, à qual você gosta de ler, pensar, por questionamentos, discordar, se assustar, se incomodar; ficar acordada pensando ou perder o sono quando começa a pensar sobre. Escrever um trabalho científico mexe com estruturas profundas da psiquê e envolve tempo demasiado se obcecando com um assunto. Se você não quiser muito vai desistir e enjoar cedo demais do seu trabalho. Vá para o número 8.
6. Idem do número 3. Vá para a dica 9... e pare de reclamar, a vida acadêmica é cheia de enrolação e burocracia, com muita gente doente, mal-resolvida, com sede de poder e auto-afirmação, e com aparência de luta pelos direitos humanos e por uma sociedade mais justa e igualitária!
7. comece a dominar o assunto de tal jeito que você perceba as lacunas existentes que têm a ver com você, daí você começa a trilhar um caminho pra ser referência bibliográfica na área; vá para a dica 6;
8. descubra quem são os principais teóricos da área e quais as principais críticas que fazem dele; leia diretamente na fonte, aprenda a ler bem, pelo menos, em inglês e francês pra ajudar nisso...vá para o número 3
9. por fim, nas dedicatórias da sua dissertação e da sua tese você deve escrever: "dedico ao melhor, mais incrível, adorável e maravilhoso professor que tive oportunidade de conhecer em toda minha existência". Pronto, você já é capaz de seguir o magistério superior; então, crie vergonha e pratique as dicas 4, 5 e 8 agora mesmo...
10. é... de vez em quando a gente precisa ser obediente também, engolir sapos, fingir que adora o orientador, puxar-saco, mas não descaradamente, porque eles também são pessoas inteligentes...vá para o número 5.
baixe teses e dissertações com os temas que lhe interessem e adapte-os para sua realidade:
http://www.teses.usp.br/
http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/list.php?tid=7
como anda o filho? e a vida por aí?
bjim saudoso,
Luiz
