sexta-feira, 18 de maio de 2012


CARTA ABERTA À SOCIEDADE AMAZONENSE

Depois de sete anos, voltamos à greve!


As universidades federais são conhecidas e disputadas por estudantes que querem uma formação pública, gratuita e de alta qualidade no ensino, na pesquisa e em atividades de serviço à sociedade (o que chamamos de extensão). 


Para garantir a qualidade da educação superior pública, é necessário que o espaço universitário ofereça uma boa infra-estrutura: salas de aula com quantidade adequada de alunos, professores bem selecionados, laboratórios e bibliotecas atualizados, refeitórios decentes, moradia para estudantes de outras cidades, acesso à internet, núcleos de pesquisa e atividades de extensão, aumento de vagas nos cursos de graduação, e mais cursos de mestrado e doutorado. 


O Governo Federal alardeia o aumento do número de alunos, mas não diz que estes ficam sem aulas por falta de professores ou em salas lotadas, sem atendimento adequado, sobrecarregando os poucos professores, provocando doenças e aposentadorias precoces. O Governo não diz que há turmas que passam metade do semestre sem professor - quando não perdem o semestre inteiro, sendo obrigadas a fazer cursos de férias. Não diz que contrata professores temporários também sobrecarregados de atividades, que se desdobram dando aula em várias outras localidades. Não diz que as bibliotecas estão defasadas, que os laboratórios estão se deteriorando, que muitos professores não têm lugar adequado de trabalho. 


Como se isso não bastasse, ano passado, esse mesmo Governo firmou um acordo emergencial com o ANDES, o sindicato dos professores das universidades. Tínhamos a garantia da incorporação de gratificações ao nosso vencimento básico, de um aumento de 4% e da criação de um Grupo de Trabalho para discutir a reestruturação da nossa carreira e de medidas para a melhoria das condições de trabalho. Mas o Governo vem trapaceando. Sua última manobra foi transformar uma parte do acordo em medida provisória sem nenhum ganho real para os professores. 


Nessas condições, nós, professores, os estudantes e a sociedade brasileira inteira estamos sendo CONTINUAMENTE prejudicados e enganados. A causa real desses prejuízos não é a greve que nós, professores das universidades públicas do Brasil inteiro, estamos fazendo por tempo indeterminado, até o governo negociar a sério conosco.  Estamos reivindicando: 

  • carreira única com incorporação das gratificações ao vencimento básico;
  • valorização do piso salarial dos professores a partir do salário do DIEESE;
  • condições dignas de trabalho;
Quanto custa o avanço tecnológico e social que uma boa universidade pode produzir para um país? Esse valor é inestimável. A melhoria da educação, da atuação de qualquer bom profissional e da vida da sociedade brasileira passa por esse investimento. Somente professores dedicados a uma carreira de longa duração, com pesquisas e serviços à sociedade, podem assegurar a formação dos melhores profissionais para o desenvolvimento do Brasil.

O Governo humilha os professores das universidades federais com as condições e com as remunerações oferecidas, e desqualifica a importância do nosso trabalho para a sociedade brasileira. 


A Greve, nosso último recurso, é um instrumento legítimo de reinvindicação e pressão em prol de uma luta justa e necessária. Queremos continuar formando bons profissionais, produzindo conhecimento e tecnologia, e atendendo às demandas sociais, em condições dignas de trabalho. Que a universidade brasileira seja tão grande quanto ela deve ser.

Nossos direitos cabem no papel. Em nossas mãos cabe a conquista.


COMANDO LOCAL DE GREVE DA UFAm

Sem comentários:

Enviar um comentário