“βλέπομεν γὰρ ἄρτι δι’ ἐσόπτρου ἐν αἰνίγματι, τότε δὲ πρόσωπον πρὸς πρόσωπον· ἄρτι γινώσκω ἐκ μέρους, τότε δὲ ἐπιγνώσομαι καθὼς καὶ ἐπεγνώσθην” ΠΡΟΣ ΚΟΡΙΝΘΙΟΥΣ Α΄ 13:12
O sujeito está assujeitado à história e ao devir e ao Eu Sou. Preso entre ser ou não ser, mas convidado sempre para ser a questão.
A sua prisão é a sua liberdade: somente o seu olhar a partir do Real é que pode fazer essa transformação de perspectiva. O sujeito se move pelo desejo inscrito em sua estrutura falha. A potencialização de sua ação se faz quando ele faz do Desejo o seu desejo, ou quando faz do seu desejo o Desejo. Mas o caminho inverso é sempre mais doloroso, apesar de ser o aparentemente mais fácil, a evidência que lhe move é justamente a evidência que lhe cega. Se colocando na análise, na questão, no movimento entre retroceder e avançar, o sujeito se significa. O sujeito é um significante para outro significante. Ele só pode ser sujeito na relação com outros sujeitos. Ateado na rede que aparentemente não o suporta, que aparentemente não o sustenta, o sujeito procura se sustentar, mas só à medida em que, como materialidade orgânica, ele reserva e dilapida energia na (re)produção da vida, ele pode ser mover, aprendendo a controlar, em seu processo histórico, tenuamente esses movimentos. Para o sujeito fazer Um, ele precisa estar pelo menos em dois na interação entre o Real e a real-idade.
Cada Um deve descobrir qual é o seu Terceiro Excluído. Cada sujeito deve nomeá-lo. Sujeito e objeto interagem, trocam energias dentro do sistema que lhes aparece como evidência inapreensível. Presença ausência. Sujeito, objeto e este Terceiro Excluído referenciável sustentam cada sistema atravessado pelo Real.
Sujeito e objeto precisam dessa rede para interagir, para trocar, sem a qual, o sujeito deixaria de ser sujeito e o objeto deixaria de ser objeto e seriam apenas o Um, o completo, a substância, o homogêneo.
O sujeito é um furo no Real. É o Seu desejo. À medida que sujeito e sentido se casem no Non-Sens, no Impossível, no Eu Sou, eles fazem o Um. O sentido do sujeito é saber que ele é um desejo falhado em busca de outro desejo falhado para juntos construirem a ilusão parcialmente necessária de que são O Desejo. O Real e os sujeitos precisam dançar a valsa do acasalamento dos desejos para que os sujeitos sejam plenificados na incompletude constitutiva.
Que lindo! Aproveitando-se e invertendo o grande Aristóteles.
ResponderEliminarBj.
Carlos