domingo, 20 de junho de 2010

a situação do sujeito ou sujeito da situação?

“βλέπομεν γὰρ ἄρτι δι’ ἐσόπτρου ἐν αἰνίγματι, τότε δὲ πρόσωπον πρὸς πρόσωπον· ἄρτι γινώσκω ἐκ μέρους, τότε δὲ ἐπιγνώσομαι καθὼς καὶ ἐπεγνώσθην” ΠΡΟΣ ΚΟΡΙΝΘΙΟΥΣ Α΄ 13:12


    O sujeito está assujeitado à história e ao devir e ao Eu Sou. Preso entre ser ou não ser, mas convidado sempre para ser a questão.
    A sua prisão é a sua liberdade: somente o seu olhar a partir do Real é que pode fazer essa transformação de perspectiva. O sujeito se move pelo desejo inscrito em sua estrutura falha. A potencialização de sua ação se faz quando ele faz do Desejo o seu desejo, ou quando faz do seu desejo o Desejo. Mas o caminho inverso é sempre mais doloroso, apesar de ser o aparentemente mais fácil, a evidência que lhe move é justamente a evidência que lhe cega. Se colocando na análise, na questão, no movimento entre retroceder e avançar, o sujeito se significa. O sujeito é um significante para outro significante. Ele só pode ser sujeito na relação com outros sujeitos. Ateado na rede que aparentemente não o suporta, que aparentemente não o sustenta, o sujeito procura se sustentar, mas só à medida em que, como materialidade orgânica, ele reserva e dilapida energia na (re)produção da vida, ele pode ser mover, aprendendo a controlar, em seu processo histórico, tenuamente esses movimentos. Para o sujeito fazer Um, ele precisa estar pelo menos em dois na interação entre o Real e a real-idade.
    Cada Um deve descobrir qual é o seu Terceiro Excluído. Cada sujeito deve nomeá-lo. Sujeito e objeto interagem, trocam energias dentro do sistema que lhes aparece como evidência inapreensível. Presença ausência. Sujeito, objeto e este Terceiro Excluído  referenciável sustentam cada sistema atravessado pelo Real.
    Sujeito e objeto precisam dessa rede para interagir, para trocar, sem a qual, o sujeito deixaria de ser sujeito e o objeto deixaria de ser objeto e seriam apenas o Um, o completo, a substância, o homogêneo.
    O sujeito é um furo no Real. É o Seu desejo. À medida que sujeito e sentido se casem no Non-Sens, no Impossível, no Eu Sou, eles fazem o Um. O sentido do sujeito é saber que ele é um desejo falhado em busca de outro desejo falhado para juntos construirem a ilusão parcialmente necessária de que são O Desejo. O Real e os sujeitos precisam dançar a valsa do acasalamento dos desejos para que os sujeitos sejam plenificados na incompletude constitutiva.

1 comentário:

  1. Que lindo! Aproveitando-se e invertendo o grande Aristóteles.
    Bj.
    Carlos

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