domingo, 15 de maio de 2011

falta em ser


me disseram que eu seria feliz se seguisse o que me manda o desejo recalcado. Que se eu me posicionasse como absolutamente consciente de tudo, senhor absoluto de mim mesmo, independente da fé, e desse vazão ao que meu coração desejasse, realizasse suas fomes, eu seria mais feliz. 

Nos enganaram. 

Como a ciência e o desenvolvimento tecnológico criou mais seres infelizes! deu-nos a promessa de satisfação, mostrou-nos um banquete e nos fez comer as migalhas. 

Adoecemos. 

Viramos vampiros: consumidores vorazes de toda sorte de objetos e nunca experimentamos o basta. O discurso da produtividade máxima, da satisfação plena, apenas me assujeita a essas relações de produção em que me é dado desejar, querer, buscar e jamais encontrar. 

Eles dizem o que eu não tenho, o que eu deveria ter, mostram para mim a falta-em-ser, revelam o que me falta. E me tangenciam o caminho para suprir a minha falta. Dizem onde está a terra prometida. E ela se torna miragem a cada vez que eu chego até ela. 


A religião escava nesse lugar: sempre falta algo mais pra ter Deus plenamente; o Mercado, o Estado, o Conhecimento, a Ciência, a dor, o sofrimento, a vida, a ordem simbólica, as pulsões, os recalques, o dinheiro, os bens tecnológicos, as utopias sociais, o afeto
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