olhos inertes na névoa
o corpo cálido
flor embriagada
o pólen clamado
sigo assim
solitário pelas escadas do calabouço
gélido
tua mão no meu ombro ainda ausente
flechas de amor fraturam meu rosto
teus olhos
aguardam meus segredos
compassivos e sólidos
beijos seduzidos de fôlegos traiçoeiros
recolho-me no teu momento adiado
o sorriso desliza contido na minha sede
lambe-me como gotas de orvalho
degelo
face de anjo
vampiro
nuvens avermelhadas esculpem teu rosto
a garoa pousa numa dança
tranqüila quase sorve-me para ti
flores festejam o mistério que brilhas
nada do que eu procurava no espelho
perdi mais que em ti
minha foz faísca
a chuva
sacia ervas magras
a nau fatigada encontra o cais:
o relevo acidentado dos teus lábios
Brasília, outono de 1999.
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