luz, energia e matéria: meu materialismo

uma das minhas maiores dificuldades na minha tese é que aceitei defender uma tese materialista, pra depois de estar doutorado, defender minhas teses não-materialistas. Mas estou chegando à conclusão que sou materialista no sentido contemporâneo e futuro de matéria... eis aí uma das minhas teses!

minha amiga Alexandra Josias me disse que sou "quântico". Na verdade, sou seguidor de Jesus Cristo - hoje me envergonho de dizer que sou crente, evangélico, cristão (cristinho, talvez?), pra poder marcar minha diferença com isso que está em moda no Brasil e que tem muito pouco a ver com o Evangelho de Jesus Cristo que qualquer um pode ler e entender segundo os textos de Mateus, Marcos, Lucas e João no Novo Testamento, mesmo com todas as alterações e deturpações acrescidas na História. Pra mim, esse evangelho se resume em:

- Jesus é Deus, Deus é Jesus: quer saber como Deus é, e o que Ele pensa? Leia as biografias de Jesus nos evangelhos. "Quem me vê, vê o Pai..o Pai está em mim", João 14 e João 17, meus textos preferidos nos evangelhos;
- depender de Jesus Cristo pra ser Ele, como Ele, nEle pra sempre, nus, sem ter medo de expormos nossas vergonhas, medos, contradições. Nunca.
- amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo como principal critério de decisão, auto-avaliação, e projeto de vida;
- os sentidos migram, as boas intenções e letras envelhecem e morrem. Só a dependência contínua dEle, o Verbo Ressurreto, pode manter a revolução em processo.

Não me sinto coerente ainda com essas coisas em que creio. Mas isto também tem sentido. Estamos em processo, nunca terminados..

Mas o que tem isso a ver com meu materialismo? Bem, a proposta materialista, segundo Marx, é que

"na produção social da sua vida, os homens contraem determinadas relações necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada fase de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência. Ao chegar a uma determinada fase de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade se chocam com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais se desenvolveram até ali. Antes sendo formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações passam a ser obstáculos a elas. E se abre, assim, uma época de revolução social. Ao mudar a base econômica, revoluciona-se, mais ou menos rapidamente, toda a imensa superestrutura erigida sobre ela. Quando se estudam essas revoluções, é preciso distinguir sempre entre as mudanças materiais ocorridas nas condições econômicas de produção e que podem ser apreciadas com a exatidão própria das ciências naturais, e as formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas, numa palavra, as formas ideológicas em que os homens adquirem consciência desse conflito e lutam para resolvê-lo" (Prefácio da "Contribuição à Crítica da Economia Política”)

Hoje já se pensa que esse processo é dialético e inter-dependente. Os homens são produtos e produtores da sociedade. As formas ideológicas produzem, reproduzem e podem transformar as relações de produção.

Sendo cristão, preciso concordar que nós, seres humanos, co-operamos com Deus. E Deus opera e co-opera conosco. Saibamos ou não. Queiramos ou não. Se o diabo co-opera, imagina Marx! Acredito, como alguns pensadores, que se as sociedades que se dizem cristãs, fossem realmente cristãs, elas seriam comunistas. A proposta de vida em comunidade de Jesus e seus seguidores e a igreja em seu começo eram "comunistas". Veja o livro de Atos dos Apóstolos (4:32-35):

"A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e sobre todos eles multiplicava-se a graça de Deus. Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o depositavam aos pés dos apóstolos. Depois, era distribuído conforme a necessidade de cada um."

Um ministro do STF ganha 27mil, um parlamentar custa 90mil/mês, o DIEESE diz que o salário mínimo necessário no Brasil pra cumprir o que a Constituição manda, deveria ser de R$ 2.260,00. O salário mínimo atual nominal é de R$ 510,00, pra quem tem a "sorte" de receber um mínimo!  Menos de 1/4 do obrigatório, segundo nossa lei maior! Êta povo brasileiro besta! E cadê a igreja pra defender o direito do órfão e da viúva? Ah, tá lá, puxando saco de políticos e querendo impor sua moral pseudo-cristã pra sociedade, quando deveria mais é se preocupar em servir a quem quer que seja! Não aos corruptos e aos poderosos, mas servir a órfaos, sem-tetos, sem-terras, doentes mentais, gays, travestis, prostitutas, macumbeiros, satanistas, enfim, todos que sequer se sentiriam confortáveis nos luxuosos e simples "templos" cristãos... Poderia servir até aos corruptos, mas confrontando-os, como fez Jesus com os poderosos de sua época, com os publicanos, e com os líderes religiosos.
"Pobreza não é um acidente, não é uma exceção, não é um problema individual, é um problema da sociedade" Ivana Bentes http://bit.ly/JaO3c
Deus, Amor, permite e se adapta ao nosso egocentrismo, pra vergonha nossa. E apesar de nós mesmos, faz o que Lhe apraz. E ai de nós se Ele não fosse misericordioso assim!

Enfim, começo a pesquisar quais os progressos na concepção de matéria. Para Lênin, “o materialismo, em pleno acordo com as ciências da natureza, toma a matéria como dado primário, considerando a consciência, o pensamento, a sensação como o secundário, porque numa forma claramente expressa a sensação está ligada somente a formas superiores da matéria (matéria orgânica), e ‘nos fundamentos do próprio edifício da matéria’ só se pode supor a existência de uma faculdade semelhante à sensação” (Materialismo e Empiriocriticismo, p.34). Para ele, “a sensação é realmente a ligação directa da consciência com o mundo exterior, é a transformação da energia da excitação exterior em facto da consciência” (p.38). Lênin é categórico ao afirmar que, para se manter na perspectiva materialista, é essencial admitir a verdade objetiva, ou seja, entender as sensações como imagem do mundo exterior (id., p.98). Enfim, a questão da sensação tem a ver com meus estudos sobre a materialidade audiovisual (publicarei sobre isso noutro momento). Mas me interessa entender essa relação entre energia, matéria, luz, vida e linguagem.

Sigo e entendo o Luiz Bicalho explicando a teoria da relatividade. Ele diz que "a massa (matéria) e energia são a mesma coisa, em formas diferentes, sendo que a transformação se faz através da fórmula E=mc2. Em termos simples, a Energia que uma pequena quantidade de matéria produz é igual à massa (comumente chamada de peso na linguagem coloquial) vezes a velocidade da luz ao quadrado. Como a velocidade da luz é muito grande (300 mil km/s),  isso implica que uma massa muito pequena produz muita energia se for totalmente transformada em energia". Um exemplo disso na natureza - que o salmista Davi disse ser quem mais fala da existência de Deus -, são as estrelas, e o sol. Quando recebemos luz e calor, e quando vemos as estrelas brilharem, é porque parte da massa se transformou em energia.

Já pensou nas consequências e implicações disso? Penso em algumas:

PRIMEIRO: me lembro do reverendo João Chrisóstomo Jr. falando de uma oração de São Paulo em Colossenses 1:11:  "sendo fortalecidos com todo o poder segundo a força da Sua glória para toda a perseverança e paciência com empolgação" (ἐν πᾶς δύναμις δυναμόω κατά ὁ κράτος ὁ δόξα αὐτός εἰς πᾶς ὑπομονή καί μακροθυμία μετά χαρά).

Algumas palavras gregas ressaltam nesse texto: δυναμούμενοι, δύναμις, κράτος, δόξα, ou seja, "dunamoumenoi", "dunamis", "kratos", "doxa". Parafraseando seria "sendo empoderados, energizados, com todo Seu poder, Sua energia"...

Dunamis, dá dinamite em português. A idéia de estar sendo dinamitado (dunamoumenoi), sendo explodido com a força da Sua explosão (dunamis), liberando a energia, o milagre, a potência, a força, a capacidade, de forma poderosa, com poderes miraculosos, milagrosamente, com a alimentação, com a resistência, com a riqueza, com a habilidade dEle; ser feito forte (kratos), ser reforçado com a força, o poder, o domínio, o milagre, a alimentação da Sua (doxa) majestade, da Sua honra, do Seu bom caráter, do Seu brilho... tudo a ver com a maioria dos cristãos que somos e conhecemos, né? Quem dera...

SEGUNDO: o Meu Sol, a minha Energia é Deus. É essa intimidade com Ele que me combustiona, que me anima, que me alegra, que me faz capaz de ser cristinho no aqui-agora da existência...

TERCEIRO: se a energia é a matéria transformada, e se a matéria é a energia aprisionada, eu sou materialista quântico! A materialidade se transforma pela energia. Há algo que fusiona, que desloca, que implode, que precisa ser doado, perdido... faz todo sentido Deus-Energia-Verbo se transformar em carne, se implodir, para criar um novo mundo, uma nova sociedade, para provocar outras implosões que provocam outras e outras e outras. Para dividir-Se e nos convocar à Sua divindade...

A História é um processo com Origem e Finalidade.. prolegômenos de uma teoria quântica do discurso..

Por isso me defino como carne que se faz verbo no Verbo que se fez Carne... eis aí o meu materialismo...